- trancado

Espantalho,
verde e solitário, venho por meio desta, lhe desejar melhoras, faz tempo que não te escrevo, não pense que te esqueci, pelo contrario, está cada dia mais nítido e realçado em meus pensamentos. Lembro perfeitamente do tempo em que passamos sentado na calçada gelada observando os carros azuis - seus preferidos, eu preferia os vermelhos, mas nunca tive coragem de dizer para você - que você tanto gostava. Querido, tenho que confessar que prendi a contar a vida, parece meio difícil de acreditar,principalmente se tratando de uma pessoa que não sabia a diferença entre viver e sobreviver. Conto agora quantas vezes perdi o fôlego por causa de uma paixão, quantas vezes perdi o fôlego graças as cócegas intermináveis de um amigo, conto quantas vezes perdi o fôlego de tanto chorar, quantas vezes perdi o fôlego por ver a sua foto e não tocar em você.
Agora choro por não ter tido coragem de te dizer o quanto te amei em silencio, desenhei sem fim um caminho pelo qual não consegui - por conta do medo - percorrer. Agora me falta o feliz para sempre, o paraíso. Não tenho permissão de me sentir nas nuvens, de sentir calafrios e borboletas no estômago, os clichês foram escondidos e trancados naquela gaveta, a chave procuro e não encontro, acho que você levou contigo. Peço desesperadamente que me entregue, possuo apenas a esperança de ter esperança, pois não caminho mais em inércia, minhas ações refletem meus pensamentos. Atenciosamente,
Qualquer outra paixão.

renato teixeira

Um comentário:

  1. Muito lindo, não sei de onde vem tanta inspiração de vocês dois! Quase chorei, sério mesmo :/
    Mas parabéns *-*

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