- Querido diário


Querido diário,
Hoje o meu dia foi muito corrido, fui ao shopping com meus amigos, e comprei uma calça que eu estava querendo muito. Tá, isso não é interessante. O mais interessante é que eu comecei a perceber que ela existe, aquela menina de cabelos castanhos, olhos negros como a noite; que despertaram um sentimento muito grande em mim. Agora eu começo a reparar no jeito que ela anda, como as palavras doce que ela fala me alegram, pena que esse amor que agora eu sinto é impossível, como duas pessoas tão diferentes podem um dia ficar juntos. Impossível.

Levantei-me da minha cama, que por sinal estava muito desarrumada, minha mãe odiava quando eu fazia isso, sentava na cama, bagunçava tudo e depois não arrumava, fui até o guarda roupa, peguei a sacola com a calça nova, ela era preta, agora ela já não era tão bonita, não tinha mais sentido, parecia que a calça era para completar o espaço que agora era completado por ela.
Fui á janela, de onde vinha um brilho muito intenso, o sol irradiava, por ela olhei aquelas ruas sem fim, um mar de asfalto sem vida, nenhum carro, ninguém alem do vento e do som do silencio profundo. Comecei a me imaginar de mãos dadas com ela, andando por aquela rua, que não seria mais deserta, pois estaria sendo ocupada por dois amantes. Pena que o sonho, é apenas sonho.

renato teixeira

- Aqueles olhos vermelhos


Os carros estavam todos parados, de repente um clarão verde irradiou e todos começaram a andar, lentamente. Os postes passavam como um borrão preto, e as luzes da cidade refletiam no vidro molhado pela chuva. O carro parou novamente e lá no fundo ao lado de uma grande árvore tinha uma mulher de vestido branco, que rasteava pelo chão. Ela me olhava fixamente, seus olhos vermelhos me hipnotizavam.
Ela agora estava vindo em minha direção, seus dedos no pé nu entrelaçavam com o barro, o que fazia que a parte de baixo do vestido ficasse com aquele tom marrom.
A mulher agora tinha parado, erguia a mão como se pedisse ajuda. Eu tinha ficado excitado, agora estavam em pânico, será ? será que podia ser verdade ? Um fantasma? Meu coração acelerou, eu não tinha pensado nessa oportunidade, olhei para o relógio, assustado. Gritei. Meu pai que dirigia o carro logo virou para ver o que tinha acontecido.

Quando olhei pelo vidro novamente, nada existia, ela não estava mais lá. Pensei que estava tudo calmo, quando viro meu rosto para o outro lado do banco, um raio vermelho me cegou, o brilho do olho dela irradiava para mim. Gritei, desmaiei.